Um século após seu último registro, a anta-brasileira (Tapirus terrestris), o maior mamífero terrestre da América do Sul, foi vista novamente na região da Costa Verde, no Rio de Janeiro. O registro foi feito pelas câmeras do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), no Parque Estadual Cunhambebe (PEC). Tal evento é considerado um marco histórico para a conservação da biodiversidade e um sinal de que os esforços de proteção ambiental estão gerando resultados.
O último avistamento documentado da anta-brasileira na região foi em 1914, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. A urbanização e a caça descontrolada levaram a espécie à beira da extinção local. Imagens recentes mostram três antas no PEC, incluindo uma mãe com seu filhote.
As antas desempenham um papel crucial no ecossistema. Elas se alimentam de frutos e dispersam sementes, auxiliando na regeneração das florestas. Seus passos criam caminhos naturais que permitem o crescimento de novas plantas. Além disso, fazem parte da cadeia alimentar de predadores como onças e pumas, ajudando a manter o equilíbrio do ecossistema.
“É a primeira vez, em dez décadas, que são flagrados, registrados e monitorados no Rio de Janeiro tais animais em total vida livre, ou seja, indivíduos que não dependeram de ação humana direta ou projetos de reintrodução de fauna,” diz o Inea à Agência Brasil.
“Em episódios como esse, nos certificamos de que estamos no caminho certo. Essa redescoberta é um marco não só para o Rio de Janeiro, mas para a ciência”, afirmou o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, também à Agência Brasil.
Anta-brasileira ainda enfrenta riscos
Apesar da redescoberta, a anta-brasileira ainda enfrenta sérios riscos. O desmatamento, a expansão urbana e a caça ilegal continuam a ameaçar a espécie. A proteção contínua de seu habitat é essencial para garantir sua sobrevivência.
A reaparição da anta-brasileira demonstra que a natureza tem a capacidade de se recuperar quando recebe a proteção adequada. Os esforços de conservação do INEA e de parceiros que instalaram câmeras para monitorar a vida selvagem, foram fundamentais para este sucesso.
O Parque Estadual Cunhambebe, criado em 2008, abrange os territórios de Angra dos Reis, Rio Claro, Itaguaí e Mangaratiba. O parque de 38.000 hectares é um santuário da Mata Atlântica, protegendo espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo. O nome do parque homenageia Cunhambebe, um líder indígena Tupinambá que lutou contra os colonizadores portugueses no século XVI.