Marina Colasanti, uma figura multifacetada e de grande importância na cultura brasileira, morreu nesta terça-feira (28), aos 87 anos, no Rio de Janeiro. A morte da escritora representa uma perda significativa para a literatura, jornalismo e artes.
Uma trajetória internacional e brasileira
Nascida em 26 de setembro de 1937 em Asmara, capital da Eritreia, Marina Colasanti passou parte de sua infância em Trípoli, na Líbia, e na Itália. Em 1948, após a Segunda Guerra Mundial, ela e sua família emigraram para o Brasil, estabelecendo-se no Rio de Janeiro. Essa experiência multicultural influenciou sua obra, que frequentemente explorava temas universais com uma sensibilidade única.
Marina Colasanti, escritora premiada e respeitada
Marina Colasanti foi uma das escritoras mais premiadas e respeitadas no Brasil e internacionalmente, especialmente na literatura infantojuvenil. Ao longo de sua carreira, ela escreveu mais de 70 livros, destinados tanto a crianças quanto a adultos. Sua obra abrange diversos gêneros, incluindo poesia, contos, crônicas, literatura infantil e juvenil, além de ensaios sobre literatura, questões femininas, arte, problemas sociais e amor.
Entre seus prêmios mais notáveis, destacam-se o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras em 2023, em homenagem ao conjunto de sua obra. Ela também recebeu nove estatuetas do Prêmio Jabuti. Sua obra foi descrita como vasta, atemporal e inesquecível.
Algumas de suas obras mais conhecidas incluem:
- A moça tecelã
- Doze reis e a moça no labirinto do vento
- Hora de alimentar serpentes
- Uma ideia toda azul
- Tudo tem princípio e fim
Além de sua produção literária, Marina Colasanti também explorou seu talento como artista plástica, ilustrando suas próprias obras, que se tornaram objeto de inúmeras teses acadêmicas.
Jornalista e intelectual engajada
Paralelamente à sua carreira como escritora, Marina Colasanti também teve uma destacada atuação no jornalismo. Em 1962, iniciou sua carreira no Jornal do Brasil, onde trabalhou como redatora, cronista, colunista, ilustradora e subeditora. Ela também foi editora do Caderno Infantil e colaborou com o Suplemento do Livro, escrevendo diversas resenhas.
Posteriormente, ela contribuiu com diversas publicações, como as revistas Senhor, Fatos e Fotos, Ele e Ela, Fair-play, Cláudia e Joia. Em 1976, ingressou na Editora Abril, onde exerceu o cargo de editora de Comportamento na revista Nova, conquistando o Prêmio Abril de Jornalismo em 1978, 1980 e 1982. Ela também escreveu crônicas para a revista Manchete.
Sua atuação no jornalismo evidenciava seu engajamento com questões sociais e culturais. Ela era uma defensora do feminismo e uma das integrantes do primeiro Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Muitos de seus livros refletem sobre o lugar da mulher na sociedade e trazem protagonistas femininas.
Presença na televisão
Marina Colasanti também teve uma presença marcante na televisão, atuando como entrevistadora, editora e apresentadora em diversos programas. Ela foi entrevistadora dos programas Sexo Indiscreto, na TV Rio, e Olho por Olho, na TV Tupi. Além disso, foi editora e apresentadora do noticiário Primeira Mão, na TV Rio, e apresentadora e redatora do programa cultural Os Mágicos, além de âncora dos programas Sábado Forte e Imagens da Itália, na TVE.
A personalidade marcante do Marina Colasanti
A escritora era conhecida por sua generosidade e paixão pela literatura. Ela mantinha uma forte amizade com o escritor Volnei Canônica, que a chamava de “a grande dama da literatura brasileira”. Eles se conheceram em 2008, quando Canônica trabalhava na Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), no Rio de Janeiro. Segundo Canônica, ele e Marina jantavam e viajavam juntos, e ele costumava levar capeletti para ela quando a visitava no Rio.
Marina Colasanti era uma figura que falava sobre a morte em seus textos para discutir a potência da vida. Em um bate-papo na Feira do Livro de Bolonha, ela afirmou que seu caminho era “para a morte”, demonstrando sua reflexão sobre a finitude da vida.
A cerimônia de despedida de Marina Colasanti ocorreu no Parque Lage, no Rio de Janeiro. Sua morte deixa uma lacuna na cultura brasileira, mas seu legado continuará a inspirar gerações futuras.