Completamente sem controle, os golpes na internet estão cada vez mais frequentes. Existem algumas categorias em que criadores de conteúdo usam do marketing de influência no TikTok para iludir usuários com promessas fáceis de dinheiro rápido e pouco ou nenhum trabalho. Nos Estados Unidos, o aumento do custo de vida fez com que a #sidehustle ganhasse destaque e virasse um problemão.
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Side hustle é uma expressão em inglês que pode ser traduzida para o português como “bico”, “trabalho extra” ou “renda complementar”. Você já deve imaginar onde vamos chegar, mas siga a leitura. O fato é que uma avalanche de influenciadores digitais invadiram os feeds do TikTok, Instagram, Kwai e Shorts do YouTube com soluções milagrosas para usuários ganharem dinheiro fácil, de forma “estúpida” e que até um “preguiçoso” consegue mudar de vida no seu sofá ou cama.
Ofertas persuasivas e gatilhos mentais
Esses criadores de conteúdo prometem centenas de dólares por dia se você se tornar um afiliado de marketplaces famosos, divulgar produtos deles e quando uma compra for concluída a comissão é sua. Também garantem ser possível faturar milhares e dólares traduzindo documentos, criando arquivos no Canva e vendendo livros “fáceis de criar” por aí. Tudo isso existe, mas não é bem assim.
O argumento para fazer o público brilhar os olhos para a oferta é sempre muito persuasivo e não necessariamente novo: carrões, viagens, casas bonitas, joias, mulheres e outros gatilhos que garantem: mande seu chefe embora, largue seu emprego e seja livre com renda passiva com o “meu método”.
Por trás disso está a estratégia manjada – mas eficaz – do marketing digital em convencer o usuário a comprar um curso que ensina a fazer o que precisa ser feito. Genial, não?! Eu convenço você a comprar o meu método – sempre validado – para ganhar dinheiro na internet.
Cheio de esperança, o usuário paga pelo curso e recebe um treinamento – muitas vezes fajuto e com técnicas antiéticas – para revender o próprio curso que ele acabou de comprar. Lembra, não à toa, uma pirâmide. Mais pessoas vendem o curso, ganham comissões sobre outras pessoas que repetem o método. Atenção: fique atento a algumas pegadinhas, como, por exemplo: o segredo será liberado após sete dias, após você aprender o básico.
Acontece que essa é uma forma de evitar o reembolso. O Código de Defesa do Consumidor garante o dinheiro de volta caso o comprador queira devolver um produto ou serviço online por não estar satisfeito. Para se proteger disso, os criadores dos cursos geram essa expectativa e, assim, não perderem o dinheiro da venda. Depois não há como reaver o valor em caso de conteúdo fraudulento.
Site mostra caso de #sidehustle em que influenciadora abandonou o negócio que vendia
Em um artigo recente na Forbes, o tema #sidehustle foi exemplificado. A publicação mostrou o caso da influenciadora digital norte-americana Jillian Randall, tiktoker com cerca de 38 mil seguidores. De acordo com Jillian, qualquer pessoa poderia faturar de U$ 5.000 a U$ 10.000 por mês como afiliado da Amazon, “como um completo iniciante”.
A questão é: a sugestão da criadora de conteúdo não funcionou nem para ela mesma. O vídeo postado em 2023 e com mais de 4 milhões de visualizações, foi um dos primeiros dela, entretanto poucos meses depois ela parou de atuar como afiliada da empresa porque não conseguiu a renda desejada.
Vale lembrar que diversas empresas sérias atuam no mercado de afiliados. Além da Amazon, a Magalu no Brasil é outro exemplo de gigante que oferece a modalidade mediante a comissão por vendas com percentuais variados.
Mas voltando ao caso da nossa influenciadora Jillian… depois de abandonar a Amazon ela percebeu que era mais lucrativo ensinar as pessoas a fazerem afiliação do que de fato fazer afiliação. Curioso, não?! Você mostra como ganhar dinheiro vendendo o seu método – que não precisa ser eficaz. No caso dela, o pulo do gato foi ensinar os seus usuários a construírem um negocio digital “enquanto dormem”.
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O que está por trás desse método
Claro que existem profissionais sérios no mercado digital, mas a agressividade com que os vendedores de dinheiro fácil se apresentam – com um belo apoio dos algoritmos – dá a sensação de que o feed das plataformas de vídeos curtos se tornou um oceano contaminado de golpes esperando alguém concluir uma compra.
Quando acessam os conteúdos o que se vê são técnicas de marketing digital, funis de venda, gatilhos mentais e outros termos reais do mercado. Porém, ali aplicados apenas com um objetivo: tornar o aluno mais um revendedor daquele conteúdo.
Ainda segundo a Forbes, a #sidehustle chegou a incríveis 6,9 milhões de postagens no Instagram e 4,1 milhões no TikTok nos Estados Unidos. A publicação justifica a procura pelo termo por causa do crescente custo de vida no país, em meio a mudanças econômicas provocadas pela administração Donald Trump.
Vale ressaltar que afiliação não é um problema. O marketing de afiliação é um mercado que movimentou em 2023 R$ 12 bilhões no Brasil. O problema é vender falsas promessas de dinheiro fácil que quase nunca vão se concretizar para o usuário comum da internet.
Então, se você se deparar com a #sidehustle, cuidado.