O mundo assistiu nesta quinta-feira o discurso de Mark Zuckerberg, dono da Meta, que administra as redes sociais Instagram, Facebook e Whats App, sobre as mudanças nas diretrizes e filtros de informações em suas plataformas na internet.
O bilionário afirmou abrir mão das parcerias com empresas de checagem de fatos e disparou contra tribunais da América Latina. Também demonstrou apoio ao presidente eleito do Estados Unidos Donald Trump e destacou o X como exemplo do que vem pela frente também em suas empresas.
Mas afinal, o que muda no Instagram com o discurso de Mark Zuckerberg? Até hoje, a Meta mantinha uma parceria com agências de checagem de fatos do mundo todo, conhecidas como “fact checking”. Ou seja, quando um perfil publicava uma informação de longo alcance essa empresas faziam a validação. Se identificasse algum erro, o post era sinalizado como informação não verídica.
A intenção era combater a desinformação, uma das principais causas da polarização não apenas no Brasil como no planeta. Um dos principais objetivos era garantir eleições limpas e livres de fake news em democracias como a dos Estados Unidos e por aqui também.
Todo o poder nas mãos do usuário
Mark Zuckerberg anunciou que não vai mais manter a parceria com essas agências, pois classificou algumas delas como enviesadas politicamente, e chegou a chamar a moderação de censura. Agora, se uma postagem nas suas redes conter fake news o próprio usuário poderá sinalizar – são as chamadas notas da comunidade. A inspiração vem da concorrente X (antigo Twitter), controlada por Elon Musk.
No X, quando um post contém informações mentirosas ou fora de contexto, os usuários podem sinalizá-las. Quando uma grande quantidade de denúncias é feita é aplicado uma nota logo abaixo do conteúdo alertando os demais usuários sobre as irregularidades. O conteúdo, porém, não é removido.
Mark não deu mais detalhes sobre o passo a passo e como suas plataformas sinalizarão os posts, mas a ideia é deixar na mão do usuário decidir se o que está ali é verdadeiro ou não. Ele também não estabeleceu prazos para a implementação do novo sistema.
Dono do Instagram atacou tribunais da América Latina, sem citar quais
Também no seu discurso, o dono do Instagram afirmou que a América Latina possui “tribunais secretos” que impõem censura às plataformas, sem citar quais países. Mas deixou claro que estará ao lado do presidente Donald Trump, que tomará posse nos dia 20 de janeiro, para lutar contra países que, em suas palavras, impeçam a livre manifestação.
“Vamos trabalhar com o presidente Trump para pressionar os governos ao redor do mundo que estão perseguindo empresas americanas e pressionando para censurar mais”, afirmou o dono da Meta, Mark Zuckerberg. Ele acrescentou afirmando que a Europa institucionalizou a censura.
Uma das preocupações de especialistas é que a flexibilização da moderação cause um aumento exponencial de desinformação nas redes sociais. Temas como identidade de gênero e questões imigratórias são preocupantes.
Além disso, pode abrir porta para outros crimes, como de ódio, pornografia infantil e publicidades ilegais. Na rede X já é possível, por exemplo, assistir a filmes pornográficos sem muita dificuldade.
Alguns trechos do discurso de Mark Zuckerberg
“Vamos trabalhar com o presidente Trump para pressionar os governos ao redor do mundo que estão perseguindo empresas americanas e pressionando para censurar mais”
“Vamos nos livrar dos verificadores de fatos e substituí-los por notas da comunidade semelhantes a X, começando nos EUA”
“O que começou como um movimento para ser mais inclusivo tem sido cada vez mais usado para calar opiniões e excluir pessoas com ideias diferentes, e isso foi longe demais” – sobre restrições a conteúdos relacionadas a identidade de gênero e imigração.
“[O conteúdo sobre política] estava deixando as pessoas estressadas, então paramos de recomendar essas postagens. Mas parece que estamos em uma nova era agora, e estamos começando a receber feedback de que as pessoas querem ver esse conteúdo novamente”
“Eu comecei as redes sociais para dar voz às pessoas. Eu dei uma palestra na Universidade Georgetown há cinco anos sobre a importância de proteger a liberdade de expressão. E eu ainda acredito nisso“
“Nós vamos trabalhar com o presidente Trump para proteger a liberdade de expressão no mundo. Vamos pressionar governos ao redor do mundo que estão perseguindo companhias americanas, obrigando-as a censurar mais“
