Mulher pode ser drag queen? Conheça Chappell Roan, a nova diva pop do momento

Aos 26 anos, Chappell Roan conquista os maiores feitos de uma drag queen no Spotify

A americana Kayleigh Rose Amstutz veio de uma cidadezinha minúscula do Missouri antes de se tornar Chappell Roan. Com 26 anos, a cantora lançou seu primeiro hit “Good Luck, Babe!” em abril. Desde então, a música já acumulou mais de 340 milhões de reproduções apenas no Spotify.

Chappell se identifica como drag queen lésbica e retrata suas vivências como mulher queer nas letras de suas músicas. Em “Good Luck, Babe!”, ela fala sobre uma relação entre duas mulheres, na qual uma delas não assume o relacionamento e a outra deseja “boa sorte”, de forma irônica.

Um dos maiores motivos para a fama súbita de Roan, além de seu carisma e talento, é a maquiagem, cabelo e roupas extravagantes da cantora. A “maquiagem da Chappell Roan”, com um rosto pálido, bochechas rosadas e olhos marcados  já virou trend entre os jovens no TikTok.

Conheça Chappell Roan, a nova diva pop do momento (2)
(Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Apenas maquiagem e roupas extravagantes fazem de Chappell Roan uma drag queen?

Quando se pensa em drag queens, Pabllo Vittar, RuPaul e Gloria Groove formam o imaginário brasileiro do que é essa arte performática. Historicamente criada e performada por pessoas LGBTQ+, a arte drag tem ganhado cada vez mais espaço no mundo pop.

Quando Chappell, uma mulher cisgênero, se identificou publicamente como drag queen, o burburinho dos internautas foi alto. 

Conheça Chappell Roan, a nova diva pop do momento (2)
(Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Ao conquistar os maiores feitos de uma drag queen no Spotify e na Billboard, a discussão online ficou ainda mais calorosa.

Pabllo Vittar era considerada a drag queen de maior sucesso internacional na música, antes do estouro na carreira de Roan. E foi aí que os fãs de Vittar ficaram indignados no X (antigo Twitter). 

https://twitter.com/vittarzezy/status/1812201204253909327?s=46

O assunto trouxe à tona o questionamento: mulheres cisgênero podem ser drag queens? Se você não é familiarizado com a arte drag, lá vai a explicação:

Drag é uma arte performática de gênero. Ou seja, quando uma pessoa se “monta” de drag, ela assume uma nova “persona”, que geralmente, tem o gênero oposto ao da pessoa que está performando. 

Por exemplo, Pabllo Vittar se identifica como homem, mas quando está montado como drag queen, se veste e se comporta de maneira feminina. 

Conheça Chappell Roan, a nova diva pop do momento (2)
(Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Mas não apenas isso. A arte drag vem da luta de pessoas LGBTQ+ e quase sempre está ligada a esse assunto. Chappell sempre se interessou pela cultura drag e se inspirou nas roupas e vestimentas de outras artistas para formar a persona “Chappell Roan”, que é diferente da sua identidade real.

Ou seja, quando se monta e sobe no palco, Kayleigh performa como Chappell, e não como Kayleigh. Segundo a artista, ela começou a se entender desta forma quando outra drag americana, Crayola, apontou que a arte que ela produzia era drag.

Assim como qualquer drag queen, Chappell é uma pessoa queer que brinca com a questão de gênero e com a hiperfeminilidade, que lhe é negada socialmente como mulher lésbica. 

“Toda drag é válida. Mas nem toda drag é boa. Então é melhor vocês começarem a trabalhar para chegar em palcos mundiais como a Chappell”, brincou Crayola nas redes sociais. 

História de Chappell Roan

Kayleigh veio de Willard, uma cidade minúscula no Missouri, Estados Unidos. Ela começou sua carreira musical em 2017, mas apenas em 2018 se mudou para Los Angeles para tentar fazer sucesso. 

Foi lá que ela teve um contato maior com a cultura queer e criou o nome artístico Chappel Roan, em homenagem ao seu avô falecido, que tinha como música favorita  “The Strawberry Roan”, de Marty Robbins.

Chappell começou a crescer nas redes sociais por conta de seu carisma e personalidade excêntrica, mas teve um sucesso musical maior após o lançamento de seu segundo álbum “The Rise and Fall of a Midwest Princess”. Alguns dos outros hits da cantora, como “Casual” e “HOT TO GO!” também fazem parte do álbum.

Com o segundo álbum, ela passou a abrir alguns shows da cantora pop Olívia Rodrigo. O single “Good Luck, Babe!” hitou nas redes sociais e permitiu que Chappell fosse conhecida internacionalmente. E pelo que parece, Chappell Roan veio para ficar.

Publicado por Júlia Götz