“A Viagem” vai ganhar mais uma reprise, desta vez em comemoração aos 30 anos do lançamento da novela. Exibida em 1994, “A Viagem” abordava o tema da vida após a morte, de acordo com a doutrina espírita kardecista.
A trama principal gira em torno da vingança de Alexandre (Guilherme Fontes) que se mata na cadeia após ter sido condenado por roubo seguido de homicídio. No Vale dos Suicidas, ele tenta prejudicar a vida de Raul (Miguel Falabella), Téo (Maurício Mattar) e Otávio (Antonio Fagundes), responsáveis por seus infortúnios.
Depois que sua irmã Diná (Christiane Torloni) se apaixona por Otávio, a revolta de Alexandre aumenta ainda mais. Por meio das histórias humanas de seus personagens, “A Viagem” vai mostrando ao público pequenos ensinamentos da doutrina espírita.
Remake de uma novela exibida pela TV Tupi, em 1975, escrita também por Ivani Ribeiro, a exibição na Globo foi um sucesso e foi considerada uma das melhores novelas de 1994, mesmo sendo exibida no horário das 19h.
Veja o que o diretor e elenco de “A Viagem” falam sobre a novela em um webdoc disponível no site do Memória Globo.
Wolf Maia (diretor de “A Viagem”)
Diretor da novela, Wolf Maia, apostou em uma trama que em um primeiro momento parecia arriscada.
“Projeto mais lindo do mundo que eu fiz na televisão. Porque era muito ousado, muito arriscado, muito difícil ao mesmo tempo muito bonito tá falando sobre a vida após a morte. Falar de Kardec, eu sou kardecista, então foi uma missão cumprida”, relembra.
Wolf também lembra que sua vontade era fazer com que a história de “A Viagem” não ficasse chata para o público, mesmo falando de religião. Para isso apostou nos bons personagens que a novela tinha.
“Todos nós sabemos como é excitante você falar sobre o mundo sobrenatural, sobre coisas que você não conhece. Se a gente conseguisse falar sobre Kardec sem essa exposição comercial, também sem ser doutrinador, eu não queria fazer uma obra doutrinadora, ia ficar chata. Então vamos juntar as duas coisas, a gente tem personagens interessantes, a gente tem uma história que tem um temperamento brasileiro.”
Cláudio Cavalcanti
A representação maior do Espiritismo em “A Viagem” fica por conta do Dr. Alberto, personagem de Cláudio Cavalcanti. Até hoje, quem viu a novela, brinca que gostaria de ter o personagem como amigo para ganhar alguns bons conselhos.
“Eu fazia o Dr Alberto, que era um médico espírita, aí todo mundo começou a me pedir entrevistas para falar de Espiritismo e eu não sou espírita. Estudei Allan Kardec, para poder saber o que eu estava falando, uma coisa tão importante para tanta gente, uma religião”, confessa.
Téo incorpora Alexandre e é ajudado por Alberto – A Viagem
Antônio Fagundes
Antônio Fagundes emendou muitos personagens na década de 90. Depois de viver o José Inocêncio da primeira versão de “Renascer” ele embarcou no projeto de “”A Viagem”” muito por conta do tema da novela.
“A novela abordava esse tema do espiritismo de uma forma bem interessante. Eu não sou religioso, mas eu acho a doutrina espírita muito bonita. Eu acho ela bastante reconfortante. Ela resolve alguns problemas onde algumas outras religiões criam problemas”, explica.
Para Fagundes, falar sobre Espiritismo era algo que valeria muito a pena.
“Eu me lembro que uma frase do Kardec que sempre me emocionou muito, talvez essa tenha sido uma outra razão para eu aceitar fazer a novela. Ele sempre dizia que você podia até não acreditar em Deus, mas que Deus acreditava em você. E Deus ia te proteger de qualquer forma, eu acho que qualquer doutrina religiosa que tenha essa generosidade vale a pena ser visitada”, conta.
Christiane Torloni, a protagonista de “A Viagem”
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Diná foi uma das personagens mais memoráveis da carreira grandiosa de Christiane Torloni. Em uma entrevista de Wolf Maya ao programa Reviva (do canal Viva, em 2014), ele contou que precisou convencer Christiane Torloni a voltar ao Brasil para protagonizar “A Viagem”.
Depois que seu filho Guilherme, de 12 anos, morreu em um acidente de carro em sua casa, Christiane se mudou para Portugal. Ela só aceitou voltar porque Wolf mentiu para a atriz. Ele disse que ela teria um papel cômico, mas que sabia que seria importante para ela, naquele momento, viver uma protagonista de uma trama espírita.
“A Ivani Ribeiro não tinha medo, como o Manoel Carlos também não tem, da vilã e da mocinha, na verdade, de vez em quando trocarem de papeis. O mistério do amor é maior que o mistério da morte. Tá lá na “”A Viagem”” e vai tá lá na história de Chico Xavier. A capacidade do amor ultrapassar as dimensões da nossa humilde, obliqua e miope compreensão da vida”, diz Torloni emocionada.