Ela tem um nome gigante e diferente. Lupita Maria del Rosario Sanchez Perez de La Cruz, a secretária atrapalhada de Família é Tudo é um dos hits da novela. Da Guatemala, Lupita é doce e sonhadora e interpretada por Daphne Bozaski.
“Família é Tudo” é o que podemos chamar de novela irregular. A trama de Daniel Ortiz tem altos e baixos. Tramas interessantes e cativantes e outras muito chatas. Personagens carismáticos e outros que dão vontade de avançar a cena, como fazemos no streaming.
A Lupita de Daphne Bozaski é um dos pontos altos da trama. Mesmo antes dela chegar na novela, nas redes sociais o público já gostava da personagem e esperava muito. A combinação é quase impossível de não funcionar. Com uma história nitidamente inspirada no clássico mexicando “Bela, a Feia”, que ganhou várias versões pelo mundo, Lupita não foge dos estereótipos.
Lupita ou Bela, a feia?
A moça engraçada e atrapalhada que tem a beleza escondida atrás de sobrancelhas mal feitas e roupas estranhas. Ela se apaixona pelo galã da trama, e sofre nas mãos dele, que a enxerga apenas como uma secretária.
O tempero de Daniel Ortiz é que Lupita vem embalada como adoradora de novelas, as mexicanas e as brasileiras, um sotaque delicioso e devota de Santa Thalia, a adorável personagem tinha tudo para conquistar o público e assim o fez.
No capítulo em que Guto (Daniel Rangel) se declarou para Lupita, a novela bateu recorde de audiência. Marcou 23,6 pontos na Grande São Paulo, segundo o site Na Telinha, índice que a Globo não via desde agosto de 2023 no horário.
Os parceiros de cena de Lupita também são um acerto. Daniel Rangel faz o Guto, o nerd que sofre do mesmo problema de Lupita, timidez, gostar de quem não gosta dele e uma vibe patinho feio. Do outro lado, o experiente Thiago Martins faz o galã Júpiter, objeto de desejo de Lupita, o homem burro e bonito que tem todas as mulheres que quer ao seus pés.
O sucesso do triângulo amoroso de Lupita, Guto e Júpiter prova que o público das novelas ainda tem um estilo impregnado no imaginário. Não tem nada de novo na composição desses personagens, há um uso quase forçado de todos os clichês possíveis pela parte do autor, mas mesmo assim, ainda é o feijão com arroz que funciona.
Daphne Bozaski e sua interpretação cheia de detalhes
O inovador fica por conta da interpretação dos atores. Daphne Bozaski é uma atriz talentosa e de composição. Não pegou papeis fáceis até agora na televisão. Estreou em “Malhação, Viva a Diferença” no papel da autista Benê, papel que repetiu novamente no seriado “As Five” do Globoplay.
Depois disso, pegou um papel pequeno em “Nos Tempos do Imperador”, e mesmo assim não decepcionou. Com um tom de comédia que não tem nada de escrachado, Daphne consegue provocar riso e ternura ao mesmo tempo. Considerando que “Família é Tudo” tem tramas principais bem irregulares e que as duas personagens responsáveis pelo drama da novela, Vênus (Nathalia Dill) e Electra (Juliana Paiva), não engrenaram, não é nenhum absurdo dizer que Lupita virou a protagonista moral da novela das sete.
Um dos momentos mais aguardados da trama está chegando. Lupita vai revelar a Júpiter que é apaixonada por ele. A resposta de Júpiter, para quem acompanha a novela, deve ser um grande balde de água fria na mocinha.
Com isso, deve acontecer a grande virada da personagem, outro momento também muito aguardado pelos telespectadores de “Família é Tudo”. E como acontece em quase toda novela de Daniel Ortiz, se Lupita vai ficar com Guto ou Júpiter no final, promete ser um desfecho para o último capítulo. Até lá, é seguir se divertindo com o jeitinho atrapalhado de Lupita e a interpretação deliciosa de Daphne Bozaski.
