Há 20 anos, não eram as empreguetes de “Cheias de Charme” que faziam sucesso na televisão, mas sim uma diarista sem papas na língua no seriado “A Diarista”. As aventuras de Marinete, uma empregada doméstica eficiente e que não tinha medo do serviço, mas também não levava desaforo para casa.

Quem interpretava Marinete era Cláudia Rodrigues, uma revelação que surgiu em um concurso de humoristas feito no Multishow. Antes de fazer “A Diarista”, Cláudia participou do “Sai de Baixo” e do “Zorra Total”.

Como era a história de “A Diarista”?

Marinete é uma empregada doméstica exemplar, caprichosa, dedicada e sem medo de serviço, que ganha a vida trabalhando na casa de diversas pessoas. Porém, como nada é perfeito nessa vida, sempre acontece alguma coisa para atrapalhar o andamento do seu trabalho.

Como diarista, ela dá duro cada dia em uma casa diferente, o que ela acha ótimo, pois assim não dá tempo de cansar da cara de ninguém. Além disso, dá para fazer amizade com outras empregadas e conhecer uma porção de homens interessantes em lugares diferentes.

O seriado foi exibido pela Globo às 23h, de 13 de abril de 2004 a 31 de julho de 2007. Escrito por uma equipe talentosa, incluindo Duba Elia, Lícia Manzo, Guilherme Vasconcelos e outros, com redação final de Aloísio de Abreu e Bruno Mazzeo, a direção ficou a cargo de Luciana de Oliveira e José Alvarenga Jr.

A inspiração veio da realidade

Segundo o site Teledramaturgia, o piloto do programa foi exibido em 21 de dezembro de 2003, como um especial de fim de ano, para testar sua receptividade. Juntamente foram apresentadas três outras propostas de sitcom: “Carol & Bernardo”, “Papo de Anjo” e “Sob Nova Direção”. Deles, apenas “A Diarista” e “Sob Nova Direção” foram incluídos na programação semanal da Globo em 2004.

Para criar sua personagem, Cláudia Rodrigues baseou-se em uma pesquisa que a produção do programa fez junto a dezenas de diaristas de verdade. Uma de suas maiores inspirações foi Neide, sua própria empregada à época. Cláudia comentou que Neide era muito profissional, totalmente na dela, embora tivesse também seus momentos de intimidade.

Cláudia Rodrigues, vinda do “Zorra Total”, onde fazia personagens como Ofélia e Talia, interpretou Marinete com um humor mais próximo da vida real, diferente do humor rasgado do “Zorra”. Por seu trabalho, Cláudia Rodrigues foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor comediante na TV em 2004.

Personagens inesquecíveis

Em 2006, Dira Paes ganhou o prêmio de melhor comediante pela personagem Solineuza, melhor amiga de Marinete. A “Poia”, como era chamada pela amiga, foi ganhando a simpatia dos telespectadores devido à sua interpretação cativante e características infantis.

O ator Leandro Firmino deixou “A Diarista” devido ao vínculo com a produtora Picante Pictures, sendo substituído por Sérgio Loroza. Na trama, Figueirinha, personagem de Loroza, assumiu o emprego do irmão que fora demitido da agência de diaristas.

O fim de “A Diarista”

O programa esteve no auge de seu sucesso em 2004 e 2005, porém, em 2007, a audiência começou a cair, registrando números abaixo do esperado pela emissora. Por isso, teve seu término antecipado. No último episódio da temporada 2007, “Sangue Bom Pra Burro”, Cláudia Rodrigues comunicou que o programa sairia do ar, mas voltaria em 2008, o que acabou não acontecendo.

No site do programa, foi criada uma seção para que empregadas domésticas pudessem dar seus depoimentos, inspirando alguns episódios. Foram lançados três DVDs da série, intitulados como “O Melhor de 2004”, “2005” e “2006”. Nenhum episódio da temporada 2007 chegou às vendas.

“A Diarista” deixou saudades e marcou época na TV brasileira, com uma abordagem cômica e realista da vida de uma diarista, sempre com muito bom humor e situações inusitadas.

A novela “Terra Nostra”, um grande sucesso de Benedito Ruy Barbosa, está de volta ao Globoplay, 25 anos depois da sua estreia na televisão. A novidade faz parte do projeto Originalidade da plataforma de streaming que resgata novelas na sua totalidade.

“Terra Nostra” estreou no dia 20 de setembro de 1999 e teve 221 capítulos. Com uma primeira fase arrebatadora e uma grande campanha de lançamento da Globo que fez chamadas espetaculares para a novela, o público respondeu e transformou a novela em um fenômeno. 

A novela tem como principal tema a imigração italiana para o Brasil e sua importância na formação da sociedade do país. O ponto de partida é o romance entre os jovens Matteo (Thiago Lacerda) e Giuliana (Ana Paula Arósio). 

Relembre 7 motivos que fizeram de Terra Nostra uma novela de sucesso 

Sucesso de audiência e fenômeno na primeira fase 

Assim que foi lançada, Terra Nostra emocionou e fez a audiência da Globo explodir. O primeiro mês da novela teve média de 58 pontos na Grande São Paulo. Conforme o tempo foi passando, o autor não manteve a regularidade dos capítulos, e a história teve o que chamamos de uma grande “barriga”, que é quando nada acontece na novela. Mesmo assim, “Terra Nostra” terminou com média final de 44 pontos, um sucesso. 

Italianês 

Em 1996, na primeira fase de “O Rei do Gado”, e no decorrer da novela, Benedito Ruy Barbosa já tinha feito o Brasil gostar de falar um italianês com alguns personagens. Em “Terra Nostra” ele avançou para criar personagens italianos de verdade, e os telespectadores passaram a repetir expressões que eram de fácil entendimento. 

A estreia de Ana Paula Arósio no plim-plim 

Ana Paula Arósio tinha chamado atenção no SBT, e já tinha ido para a Globo, onde protagonizou a minissérie “Hilda Furacão”. No entanto, Terra Nostra é sua primeira novela na emissora. A personagem Giuliana tinha uma imensa carga dramática, e ficou marcada por seu chororô que acontecia em quase todos os capítulos. Apesar disso, a atuação de Ana Paula Arósio foi elogiada e ela defendeu bem sua primeira protagonista em uma novela das 21h. 

O fenômeno Thiago Lacerda

Uma história de amor que começa em um navio. A Globo, querendo ou não, tinha sua versão de “Titanic”, e com um galã que provocou tanto ou mais alvoroço nas fãs que Leonardo Di Caprio. Thiago Lacerda não era um estreante, mas ganhou seu primeiro papel com o Matteo. Com a grande audiência que a novela teve no seu primeiro mês, a beleza do ator despertou paixões no Brasil, e ele estampou dezenas de capas de revista. Além de ter sua vida vasculhada e se transformar no novo galã das novelas brasileiras. 

A Sophia Loren brasileira

Outra estreante em “Terra Nostra” foi Maria Fernanda Cândido. Ela fazia a encantadora Paola, que se envolvia com o banqueiro Francesco Maglianno, interpretado por Raul Cortez. Com uma beleza estonteante e que lembrava muito a atriz italiana Sophia Loren, Maria Fernanda Cândido, aparecia em diversas cenas tomando banho de banheira e preparando um belo “macarron”. A personagem fez tanto sucesso, que Maria Fernanda fez propaganda de macarrão e molho de tomate. Uma linha de molhos com o nome da novela chegou a ser lançada. E as receitas italianas invadiram as notícias e os programas de televisão.

Novela de várias estreias

“Terra Nostra” também foi uma novela que revelou muita gente para o grande público. Além de ser a primeira novela de Ana Paula Arósio e o primeiro protagonista de Thiago Lacerda, a trama lançou nomes como Maria Fernanda Cândido,  Bianca Castanho, Tarciana Saad e dos atores Juan Alba e André Luiz Miranda. Além disso, fez o público conhecer atrizes que até então nunca tinham ganhado um destaque tão grande em produções como Lu Grimaldi, Débora Olivieri e Tânia Bondezan.

Elenco de peso

Ao lado de tantos novatos, o elenco de “Terra Nostra” contava com nomes de peso como Antônio Fagundes, Raul Cortez, Ângela Vieira, Débora Duarte, Paloma Duarte, Marcello Antony, Antonio Calloni e Cláudia Raia. 

Ela tem um nome gigante e diferente. Lupita Maria del Rosario Sanchez Perez de La Cruz, a secretária atrapalhada de Família é Tudo é um dos hits da novela. Da Guatemala, Lupita é doce e sonhadora e interpretada por Daphne Bozaski. 

“Família é Tudo” é o que podemos chamar de novela irregular. A trama de Daniel Ortiz tem altos e baixos. Tramas interessantes e cativantes e outras muito chatas. Personagens carismáticos e outros que dão vontade de avançar a cena, como fazemos no streaming. 

A Lupita de Daphne Bozaski é um dos pontos altos da trama. Mesmo antes dela chegar na novela, nas redes sociais o público já gostava da personagem e esperava muito. A combinação é quase impossível de não funcionar. Com uma história nitidamente inspirada no clássico mexicando “Bela, a Feia”, que ganhou várias versões pelo mundo, Lupita não foge dos estereótipos. 

Lupita ou Bela, a feia?

A moça engraçada e atrapalhada que tem a beleza escondida atrás de sobrancelhas mal feitas e roupas estranhas. Ela se apaixona pelo galã da trama, e sofre nas mãos dele, que a enxerga apenas como uma secretária.

O tempero de Daniel Ortiz é que Lupita vem embalada como adoradora de novelas, as mexicanas e as brasileiras, um sotaque delicioso e devota de Santa Thalia, a adorável personagem tinha tudo para conquistar o público e assim o fez. 

No capítulo em que Guto (Daniel Rangel) se declarou para Lupita, a novela bateu recorde de audiência. Marcou 23,6 pontos na Grande São Paulo, segundo o site Na Telinha, índice que a Globo não via desde agosto de 2023 no horário. 

Os parceiros de cena de Lupita também são um acerto. Daniel Rangel faz o Guto, o nerd que sofre do mesmo problema de Lupita, timidez, gostar de quem não gosta dele e uma vibe patinho feio. Do outro lado, o experiente Thiago Martins faz o galã Júpiter, objeto de desejo de Lupita, o homem burro e bonito que tem todas as mulheres que quer ao seus pés. 

O sucesso do triângulo amoroso de Lupita, Guto e Júpiter prova que o público das novelas ainda tem um estilo impregnado no imaginário. Não tem nada de novo na composição desses personagens, há um uso quase forçado de todos os clichês possíveis pela parte do autor, mas mesmo assim, ainda é o feijão com arroz que funciona. 

Daphne Bozaski e sua interpretação cheia de detalhes

O inovador fica por conta da interpretação dos atores. Daphne Bozaski é uma atriz talentosa e de composição. Não pegou papeis fáceis até agora na televisão. Estreou em “Malhação, Viva a Diferença” no papel da autista Benê, papel que repetiu novamente no seriado “As Five” do Globoplay. 

Depois disso, pegou um papel pequeno em “Nos Tempos do Imperador”, e mesmo assim não decepcionou. Com um tom de comédia que não tem nada de escrachado, Daphne consegue provocar riso e ternura ao mesmo tempo. Considerando que “Família é Tudo” tem tramas principais bem irregulares e que as duas personagens responsáveis pelo drama da novela, Vênus (Nathalia Dill) e Electra (Juliana Paiva), não engrenaram, não é nenhum absurdo dizer que Lupita virou a protagonista moral da novela das sete.

Um dos momentos mais aguardados da trama está chegando. Lupita vai revelar a Júpiter que é apaixonada por ele. A resposta de Júpiter, para quem acompanha a novela, deve ser um grande balde de água fria na mocinha. 

Com isso, deve acontecer a grande virada da personagem, outro momento também muito aguardado pelos telespectadores de “Família é Tudo”. E como acontece em quase toda novela de Daniel Ortiz, se Lupita vai ficar com Guto ou Júpiter no final, promete ser um desfecho para o último capítulo. Até lá, é seguir se divertindo com o jeitinho atrapalhado de Lupita e a interpretação deliciosa de Daphne Bozaski. 

Quem está acompanhando “No Rancho Fundo” já deve ter se encantado com o jeito doce e firme de Quinota, a filha de Zefa Leonel. A protagonista da trama é interpretada por uma atriz estreante em novelas que está ganhando o Brasil com seu talento e carisma. 

Já é comum que algumas novelas lancem atores ou atrizes em personagens importantes. Nem sempre dá certo, mas quando funciona é uma alegria para quem faz a novela e para quem assiste. 

É o caso de Larissa Bocchino, a jovem atriz de 25 anos, que até a estreia de “No Rancho Fundo” era um rosto desconhecido para o grande público. Acompanhe nesse texto um pouco da vida de Larissa, a Quinota da novela das seis da Globo. 

Quem é Larissa Bocchino, a atriz que faz a Quinota em “No Rancho Fundo” 

Larissa tem 25 anos e é natural de Contagem, em Minas Gerais. Tem duas formações universitárias. Fez Teatro e Letras na Universidade Federal de Minas Gerais. Ela se define como uma “menina muito guerreira que está sempre no corre”. 

“Tenho 25 anos ainda. É a primeira vez que estou saindo de casa, morando sozinha. É difícil dar conta da própria vida. Às vezes, a gente se sente só. Até para a minha construção artística é importante, porque preciso estar comigo. Mas a minha família sempre está comigo”, revela.

A Quinota de “No Rancho Fundo” já trabalhou como professora de italiano, e sempre esteve envolvida com o mundo das artes. Já dirigiu um curta-metragem, se apresentou em espetáculos de rua e também toca alguns instrumentos. 

“Quinota chegou como um presente para mim. Dá um receio de estrear o primeiro trabalho nessa dimensão, mas me sentia pronta para receber Quinota. Fiz uma preparação para fazer a Quinota. É bonito estrear um trabalho com um estudo feito tão forte como foi o dela”, conta.

Na televisão, ganhou um concurso do programa do Faustão na Band em 2022. O concurso dava direito a integrar o elenco de “Beleza Fatal”, primeira novela da Max, no streaming. Porém, Larissa nunca chegou a gravar a novela. 

Ela fez testes e foi aprovada para “Guerreiros do Sol”, novela original do Globoplay, ainda não lançada. Enquanto gravava essa produção, Larissa fez os testes para “No Rancho Fundo”. 

A alegria de fazer Quinota

Larissa contou ao UOL, que fez a própria roupa para Quinota quando foi fazer os testes. O teste criativo chamou atenção dos diretores que a aprovaram para o papel. No último dia de teste, ela descobriu que foi aprovada e contou que foi um momento de muita emoção. 

Quinota é descrita na sinopse de “No Rancho Fundo” como a Julieta do sertão. Humilde, encantadora, bondosa, ingênua e corajosa. Seu par romântico é Artur Ariosto (Túlio Starling), mas ela também vai ser enganada por Marcelo Gouveia (José Loreto). 

Na vida real, Larissa tem um companheiro há muitos anos, o Gabriel. O romance, que chegou a ser interrompido por um tempo, foi retomado e ela considera que trata-se de uma história de amor de novela. 

“Tem um pouco da Larissa na Quinota, sim. Quando eu vi, falei: ‘Cara, essa personagem é minha’. Ela é a minha fase adolescente, muito romântica. Eu era muito Quinota. Fui muito cabeça dura também, sem muita flexibilidade. Ela está aprendendo e construindo a personalidade dela. É bonito ter essa interseção entre Larissa e Quinota em algum lugar”, analisa.

Por que as pessoas gostam tanto da Quinota?

Larissa Bocchino explicou ao Gshow porque os telespectadores da novela iam gostar da personagem.

“As pessoas vão amar a Quinota, porque ela representa aquilo que a gente quer ter na vida, que é essa simplicidade da vivência, de existir, de trocar com o outro. Acho que a Quinota representa essa simplicidade do viver. Ela não pensa muito, ela vai, ela faz. Ela traz esse fogo da vitalidade, e é por isso que as pessoas vão se identificar com essa personagem e amá-la.”