Há 30 anos, a Globo colocou “Quatro por Quatro” no ar no horário das 19h. A novela de Carlos Lombardi tinha a difícil missão de substituir o enorme sucesso que tinha sido “A Viagem”. E conseguiu!
Com um estilo totalmente diferente da história de Ivani Ribeiro, “Quatro por Quatro” era a típica novela das sete, com muito humor, muitos casais românticos e um pouco de aventura para captar o público tradicional do horário.
Carlos Lombardi foi além, e criou uma história que caía um pouco no clichê da famosa guerra dos sexos, mas que empolgou desde o primeiro capítulo. A cena clássica em que as quatro protagonistas vão parar numa cela de prisão e juram vingança ficou marcada para sempre na memória do telespectador.
Vamos relembrar alguns dos principais motivos que fizeram de “Quatro por Quatro” um grande sucesso do horário das 19h e da Globo e alguns dos bastidores da novela.
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Como era a história de “Quatro por Quatro”?
A trama de “Quatro por Quatro” é centrada em quatro mulheres que, após serem traídas e humilhadas pelos homens em suas vidas, se unem em busca de vingança. Abigail, uma psicóloga de classe alta, é casada com Gustavo, um médico famoso.
Seu casamento fracassado a leva a buscar retaliação contra o marido que sempre a desprezou. Auxiliadora, uma mulher batalhadora, foi expulsa de casa pelo marido Alcebíades, que a trocou por uma mulher mais jovem, Elisa Maria.
Tatiana, uma noiva tímida, é abandonada no altar por Fortunato, e Babalu, uma mulher impulsiva, flagra seu namorado Raí na cama com outra mulher.
Essas quatro mulheres, unidas pelo destino, acabam presas juntas após um incidente de trânsito. Na cela da prisão, elas fazem um pacto de vingança: cada uma será responsável por punir o homem que fez outra delas sofrer. Esse acordo sela a aliança entre Abigail, Auxiliadora, Tatiana e Babalu, dando início a uma série de eventos hilários e emocionantes enquanto elas tentam retomar o controle de suas vidas.
Quatro por Quatro: relembre a abertura da novela da Globo
Além disso, a novela ainda conta a história de Bruno, um médico traumatizado pelo passado e pai biológico de Ângela, uma das personagens centrais, retorna ao Rio de Janeiro com a intenção de reconquistar a filha.
No entanto, ele enfrenta a resistência de Gustavo, o primo que criou Ângela. A história ganha complexidade com a presença de Suzana, irmã da falecida esposa de Bruno, que o envolve em um jogo de sedução.
Ambientada no Rio de Janeiro, “Quatro por Quatro” mescla humor, drama e romance, refletindo a tradicional receita de sucesso das novelas das sete. A trama inclui elementos de aventura e tem personagens carismáticos e situações cômicas que capturam a atenção do público.
A cidade cenográfica simples, mas eficaz, criou o cenário perfeito para as confusões e reviravoltas da história. A novela, escrita por Carlos Lombardi, Ronaldo Santos e Maurício Arruda, e dirigida por Ricardo Waddington, Alexandre Avancini, Luís Henrique Rios e Maurício Farias, foi um marco na televisão brasileira, ficando na memória dos telespectadores como uma das grandes produções dos anos 90.
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Destaques do Elenco
Betty Lago e Letícia Spiller foram dois grandes destaques. Betty Lago, em sua estreia em novelas, interpretou Abigail com um humor refinado e inteligência, garantindo sua popularidade e reconhecimento com o Troféu Imprensa de revelação na televisão em 1994.
Letícia Spiller, que inicialmente seria escalada para outro papel, surpreendeu o público com sua interpretação de Babalu, o que a alçou ao posto de protagonista. O visual inesquecível de Babalu, com saias curtas, blusas ciganas e tiaras de miçangas, tornou-se uma moda na época.
O vocabulário de Babalu também entrou para o repertório popular. A química entre ela e Raí, interpretado por Marcello Novaes, tanto na tela quanto na vida real, adicionou uma camada extra de interesse à novela. Os dois foram casados por anos.
Troca-troca nas escalações
Segundo o site Teledramaturgia, uma das histórias mais interessantes dos bastidores de “Quatro por Quatro” é a da escalação das protagonistas. Nenhuma das quatro escolhidas foi a primeira opção da produção da novela.
Bruna Lombardi faria Abigail, que ficou com Betty Lago. Adriana Esteves foi convidada para fazer a Babalu, mas recusou o papel. Eliane Giardini, recém saída de “Renascer”, era quem iria viver Auxiliadora, mas a personagem acabou ficando com Elizabeth Savala.
E completando o quarteto de protagonistas, Malu Mader é quem foi a primeira opção para viver Tatiana, mas ela acabou sendo reservada para outra produção da Globo, e Cristiana Oliveira assumiu o papel.
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Boni queria mais estrelas em “Quatro por Quatro”
Quando “Quatro por Quatro” completou 25 anos, o autor Carlos Lombardi deu uma entrevista ao site Na Telinha, dizendo que quando as chamadas da novela começaram a ir ao ar, Boni, o todo poderoso da Globo nos anos 90, estava viajando.
Assim que viu as chamadas, telefonou e mandou tirá-las do ar. Ele alegou que o elenco estava com poucas estrelas. Lombardi conta que a produção chegou a parar por dois dias, e só depois de ver o material gravado é que Boni liberou para que a novela fosse ao ar, mesmo assim, mandando trocar o cabelo de Betty Lago, que não estava bom.
Parcerias e estilo
“Quatro por Quatro” também marcou a primeira novela de Humberto Martins e Betty Lago com Carlos Lombardi. Ele repetiria a parceria com os dois atores em vários outros trabalhos.
A novela também marcou a volta de Elizabeth Savalla às novelas, depois de sete anos. A atriz nunca mais parou depois do sucesso da trama. Luana Piovani fez a novela fazendo a jovem estudante de medicina, Duda.
“Quatro por Quatro” também é considerada a precursora do estilo Carlos Lombardi de fazer novelas com personagens descamisados. Era comum ver Raí (Marcello Novaes) sem camisa. Além dele, personagens de Humberto Martins e Marcelo Faria também viviam sem camisa.