A relação entre Blake Lively e Justin Baldoni tinha tudo para ser marcada apenas pelo sucesso de uma adaptação literária de um dos livros mais vendidos dos últimos tempos. É assim que acaba, da autora Collen Hoover, vendeu mais de 20 milhões de cópias no mundo inteiro, e virou um fenômeno no TikTok, que contabilizou mais de um bilhão de publicações falando sobre o livro.
O ator Justin Baldoni comprou em 2019 os direitos para adaptar o livro ao cinema. E desde que anunciou que isso aconteceria, a ansiedade pela escalação do elenco tomou conta de todos que já leram o romance. Nas redes sociais, a maioria já apontava Blake Lively como a escolha perfeita para interpretar a protagonista Lily Bloom.
Blake também é protagonista de uma das séries de maior sucesso dos anos 2000, Gossip Girl. E com isso, sempre esteve no imaginário de quem lia o livro e a associava com a personagem. Lily Bloom é dona de uma floricultura e cresceu vendo o pai praticar violência doméstica com a mãe. Anos depois ela se vê na mesma situação.
É assim que acaba foi lançado em agosto de 2024 nos cinemas. O filme arrecadou mais de 350 milhões de dólares no mundo inteiro. E desde antes do lançamento, os rumores sobre um desentendimento entre Justin Baldoni, produtor e protagonista do filme, e Blake Lively tomou conta dos noticiários.
Corta para janeiro de 2025 e o que temos é a atriz entrando na justiça com uma queixa legal contra Baldoni e o acusando de assédio sexual e de ter iniciado uma campanha de difamação contra ela. Do outro lado Justin Baldoni nega tudo. Entenda essa história
Da adaptação de um best-seller ao início das tensões
Na campanha de lançamento, quando o elenco faz uma turnê de imprensa, a de É assim que acaba pareceu, no mínimo, muito estranha. O tema do filme de violência doméstica não combinava com as flores, o tapete cor-de-rosa, e com a atriz fazendo publicidade dos seus produtos para o cabelo.
Blake Lively não fez campanha contra a violência e pouco falou sobre o assunto. Em Londres, segundo a BBC, jornalistas foram instruídos a fazerem perguntas leves e divertidas e evitarem as perguntas sobre violência doméstica.
A atriz chegou a gravar um vídeo dizendo: “Reúna seus amigos, use suas flores e vá assistir”. Ashley Paige acusou Lively de promover o filme como se fosse “a continuação de Barbie”. Ela também disse frases como “você é muito mais do que apenas uma sobrevivente ou apenas uma vítima”.
Polêmicas e distanciamento entre Justin Baldoni e Blake Lively
A turnê de imprensa do filme foi marcada por polêmicas, com críticas de que teria evitado tocar nos assuntos do filme e do livro e especulações sobre a ausência de interação entre Blake Lively e Justin Baldoni, que não foram fotografados juntos no tapete vermelho em Nova York.
Além disso, a dupla não concedeu entrevistas, e Baldoni sequer compareceu à estreia em Londres. Rumores de tensões foram alimentados pelo fato de membros do elenco, incluindo Lively e a autora Colleen Hoover, não seguirem Baldoni nas redes sociais.
Nenhum dos dois comentou diretamente sobre a suposta briga, embora Baldoni tenha elogiado Lively como uma “criativa dinâmica” e destacado sua contribuição para a produção.
O filme é acusado de romantizar violência doméstica
Apesar do sucesso de bilheteria, o filme recebeu críticas mistas, sendo acusado de romantizar a violência doméstica. Tim Robey, do The Telegraph, deu uma crítica de duas estrelas, chamando-o de “drama enjoativo” que trata a violência doméstica como um “romance engenhoso” e mistura abuso com o glamour de um romance urbano, gerando efeitos questionáveis.
No TikTok, surgiram debates sobre a falta de clareza no trailer, que sugeriria uma história de amor, levando espectadores desavisados a se sentirem traumatizados pelas cenas de abuso doméstico presentes no filme.
Como Justin Baldoni e Blake Lively enfrentaram a repercussão nas redes sociais
Durante a divulgação do filme, Justin Baldoni contratou a gerente de crise Melissa Nathan, conhecida por trabalhar com Johnny Depp e Drake.
Após a turnê, Blake Lively enfrentou críticas nas redes sociais por comentários recentes e entrevistas antigas, incluindo uma de 2016, compartilhada pela jornalista norueguesa Kjersti Flaa, que a descreveu como tão negativa que a fez considerar abandonar sua carreira, mas negou qualquer relação com Baldoni.
O ator Brandon Sklenar, que interpreta Atlas, defendeu Lively, criticando a difamação online e destacando que o filme teve impacto positivo, com uma pessoa próxima a ele afirmando que a história “salvou sua vida”.
Blake Lively expõe Justin Baldoni e o ambiente de trabalho tóxico no set
Quatro meses após o lançamento do filme, Blake Lively entrou com uma queixa legal contra Justin Baldoni, acusando-o de assédio sexual, incluindo a produtora Wayfarer Studios como ré. O processo alega assédio sexual repetido por Baldoni e pelo CEO da Wayfarer, Jamey Heath, além de um ambiente de trabalho hostil no set.
Segundo a queixa, uma reunião em janeiro foi realizada para abordar as questões, com a presença de Lively, seu marido Ryan Reynolds e outros envolvidos na produção. Nessa reunião, foi acordada uma lista de exigências, como a presença constante de um coordenador de intimidade durante cenas sensíveis, restrições a comentários inapropriados e a proibição de “amigos” dos produtores no set durante cenas de nudez.
A queixa também cita episódios em que Baldoni questionou o peso de Lively e discutiu temas como vício em pornografia com ela.
Campanha de difamação ou estratégia de defesa?
No processo judicial, Blake Lively acusa Justin Baldoni e sua equipe de atacar sua imagem pública após uma reunião sobre o ambiente de trabalho no set. Ela alega que Baldoni organizou uma campanha coordenada para destruir sua reputação, incluindo a contratação de um gerente de crise e o uso de um “exército digital” para disseminar conteúdos prejudiciais e proteger a própria imagem. Segundo Lively, isso causou danos significativos em sua vida pessoal e profissional.
A equipe de Baldoni nega as acusações, classificando-as como “categoricamente falsas” e afirmando que o gerente de crise foi contratado devido a ameaças de Lively de interromper as filmagens e a promoção do filme. Seu advogado, Bryan Freedman, chamou as acusações de “vergonhosas” e acusou Lively de fazer exigências excessivas.
Blake Lively recebeu apoio público de estrelas como America Ferrera, Amber Tamblyn e Alexis Bledel, que emitiram uma declaração conjunta expressando solidariedade e destacando sua coragem em buscar um ambiente de trabalho seguro. A autora Colleen Hoover também apoiou Lively, elogiando sua honestidade e paciência.
Prêmios, processos e apoio público
Em dezembro, Justin Baldoni foi homenageado pela organização Vital Voices por sua defesa da solidariedade feminina, mas o prêmio foi rescindido após as acusações legais feitas por Blake Lively, que alegou “conduta abominável” incompatível com os valores da entidade. Após o caso, Liz Plank, coapresentadora do podcast The Man Enough, anunciou sua saída do programa, que trata de temas como masculinidade, sexo e saúde mental.
Em resposta às acusações, Baldoni processou o New York Times por difamação, buscando US$ 250 milhões, alegando manipulação de informações na reportagem intitulada “Podemos enterrar qualquer um: por dentro de uma máquina de difamação de Hollywood”. O jornal defendeu a precisão de sua matéria e prometeu contestar a ação.
Posteriormente, Baldoni moveu uma ação de US$ 400 milhões contra Lively e seu marido, Ryan Reynolds, por extorsão civil, difamação e invasão de privacidade, acusando-os de divulgar informações manipuladas para prejudicar sua reputação. A equipe jurídica de Lively descreveu o processo como parte de uma estratégia abusiva para silenciá-la.
